terça-feira, 20 de outubro de 2009


Queridos alunos, depois da decepção com o ENEM, só nos resta levantar a cabeça, sacudir a poeira e seguir em frente, pois a nossa luta não para aqui.

É claro que se o ENEM já tivesse acontecido, vocês estariam mais tranquilos e com mais tempo para os demais vestibulares. Mas a realidade é bem diferente. Agora, é preciso otimizar o tempo de forma que você se prepare tanto para o ENEM como para os demais vestibulares.

De hoje até 20 de novembro darei aqui ênfase aos vestibulares da UNIMONTES e UFMG que acontecerão respectivamente nos dia 22 e 29 de novembro de 2009.

Como é do seu conhecimento, a UNIMONTES cobrará as seguinte obras literárias: Paraísos artificiais de Paulo Henrique Britto, Cobra Norato de Raul Bopp, Crônica da casa assassinada de Lúcio Cardoso, Por trás dos vidros de Modesto Carone e Sagarana de João Guimarães Rosa.

Hoje conversaremos um pouco sobre a obra Paraísos Artificiais de Paulo Henrique Britto.





PARAÍSOS ARTIFICIAIS

Paraísos Artificiais, de Paulo Henriques Britto(2004):O Brasil, descoberto no século XVI pelos portugueses, aparece representado como um paraíso em vários relatos de viagens de historiadores e de cronistas em diários de navegantes e colonizadores e também em representações pictóricas de pintores e desenhistas que acompanhavam as expedições. A imagem da terra brasileira como um paraíso é descrita desde a Carta de Achamento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha, como “mui bela e formosa", sendo recriada pelos poetas e escritores românticos, através de um projeto de construção da identidade nacional. O projeto identitário, iniciado pelos românticos, será retomado pelos escritores modernistas de 1922 que fizeram uma leitura crítica e irônica das imagens do paraíso brasileiro. Os narradores dos 8 contos e uma novela de Paraísos Artificiais de Paulo Henriques Britto, apresentam unia visão crítica e reflexiva da realidade brasileira da atualidade. O olhar do narrador não é mais de um viajante ingênuo que descreve, pinta ou desenha ilhas paisagens naturais da terra descoberta, ou mesmo de um sujeito que valoriza a cor local os costumes e a história nacional, mas é de um sujeito que tem consciência da sua capacidade de definir o próprio país, de traçar um mapa e delinear sua própria identidade num espaço marcado pela superficialidade das relações pessoais e familiares. Essa superficialidade, indiferença e incapacidade do sujeito de lidar com o outro e com o diferente surge desde o conto "Uma doença",' relato que também dialoga com a novela metamorfose de Franz kafka, se desenvolve nos contos "Uma visita"; "Um criminoso", “O companheiro de quarto", "Coisa de família", "O 921", ganhando destaque no conto"O primo". A novela "Os sonetos negros", último texto que compõe Paraísos Artificiais escrita em forma de diário de viagem nos remete aos primeiros viajantes que criaram as primeiras imagens do paraíso brasileiro, já que a personagem inicia a sua narrativa com um olhar meio ingênuo no momento em que descreve as suas primeiras impressões sobre o cotidiano de uma pequena cidade do interior. Mas, é durante o trabalho de pesquisadora de literatura brasileira que a personagem Tânia "descobre" a verdadeira origem dos poemas "Os sonetos negros", de Matilde Fortes, se depara com farsas e relações que tampem são permeadas de superficialidades e interesses individuais. Essa novela surpreende o seu leitor a cada página com uma narrativa permeada de: indagações, conflitos interiores, e reflexões sobre o, processo de criação e questões em torno da autoria do texto. Se o leitor desse texto espera que ocorra um desfecho em que todos os problemas sejam resolvidos ele se engana totalmente, pois o relato tem o mesmo fim dos contos, levando O leitor a refletir sobre o humano e a sua condição existencial. Paulo Henriques Britto demonstra, através das narrativas de Paraísos Artificiais, a sua capacidade de atualizar temas e questões já abordadas por vários textos literários, entanto utiliza uma linguagem que se faz profunda e inovadora quando, trata do cotidiano é dos homens da atualidade.